A
Rampa é um conjunto de edificações construídas
entre as décadas de 30 e 40, nos arredores de Natal, capital
do Rio Grande do Norte, que ajudaram e fizeram parte direta da história
da aviação mundial. Apesar de ter recebido figuras
importantes como o piloto norte-americano, Charles Lindbergh –
o primeiro a cruzar o oceano Atlântico numa aeronave em 1927
– a Rampa ganhou notorieadade no início dos anos 40,
quando os primeiros hidroaviões começaram a utilizar
o local como base militar.
Vista da área denominada "Rampa", em 1943.
Contudo, as primeiras aeronaves a pousar regularmente no rio Potengi,
em Natal, foram as da empresa Nyrba Air Lines (New York / Rio de
Janeiro / Buenos Aires), em janeiro de 1930, vindas dos Estados
Unidos. Os aviões ficavam atracados em flutuadores montados
próximos às margens do rio. Neste mesmo ano, a empresa
é substituída pela Pan America Air Lines, a Pan Am.
Anos depois, estima-se que em 1934, a Panair - subsidiária
Pan Am no Brasil - melhora a estrutura de flutuadores, evoluindo
para uma atracação fixa, erguida num terreno cedido
pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte
O local da construção era conhecido como montagem
por estar numa área de apoio para a construção
do Porto de Natal e montagem de embarcações. Primeiro,
fizeram uma pequena estação, entre a rua e o rio,
com um píer de concreto que ainda resiste nos dias de hoje.
Este local servia como sala de embarque e desembarque, com o letreiro
Panair na fachada.
Na mesma época, os alemães também utilizaram
o local, inicialmente, como ponto de apoio para aviões de
transporte e postagem, e com o desenvolvimento da aviação
e Natal sendo considerado cada vez mais um ponto estratégico,
empresas como a Lufthansa e o Syndicato Condor também passaram
a operar regularmente na Rampa.
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Prédio
da Pan Am/Panair do Brasil, na década de 30 |
Aeronave
da Condor no acesso à Rampa |
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Vista
de dentro da sala de embarque |
Píer
ainda de "pé" que dava acesso à sala
de embarque |
Na década de 40, a Rampa atinge o seu auge com a chegada
dos primeiros hidroaviões militares Catalinas do esquadrão
VP-52 da US Navy, em 11 de dezembro de 1941, coincidentemente, cinco
dias após ao ataque japonês a base norte-americana
de Pearl Harbor. Este fato colocaria os Estados Unidos na Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, antes disso, no dia 6 de dezembro deste
mesmo ano, um Boieng 314 Clipper já havia passado por Natal,
inaugurando a rota Miame/EUA a Barthurst, na Gâmbia, África.
Em Natal, no ano de 1942, o governo americano inicia as obras de
sua Base Naval de Hidroaviões, utilizando o espaço
da Pan Am e o ocupado pelos alemães na década de 30
e que, atualmente, faz parte do 17º Grupo de Artilharia de
Campanha do Exército Brasileiro (17º GAC). A obra compreendiam
um hangar de nariz, cinema, vários prédios de alojamentos,
enfermaria, comando, entre outros similares aos existentes no Parnamirim
Field. Embora o rompimento de relações com os países
do Eixo só tenha ocorrido em 28 de Janeiro e a decretação
do "Estado de Guerra" em 22 de agosto de 1942, o Governo
Brasileiro permitiu que um esquadrão ocupasse, a partir de
dezembro de 1941, a área até bem pouco utilizada pela
companhia alemã e sua coligada brasileira.
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Construção
do prédio americano em 1942 |
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Píer
de madeira que não existe mais |
Como
está o prédio hoje |
Havia uma RAMPA de duas seções, construídas
no período de 1941 a 1942; uma de concreto e outra de pranchas
de madeira apoiadas em base de pedra. Ao todo, o investimento custou
aos cofres americanos U$ 842.397,00.
A Rampa tinha capacidade para operação hidroaviões
de bombardeiros médio de patrulha ou outras aeronaves de
peso equivalente, com área de estacionamento pavimentada
e destinada a receber hidroaviões que eram empregados para
patrulha marítima. A energia elétrica para iluminação
da área, luzes da rampa, luzes de mastro, era fornecida pela
cidade de Natal, mas, em casos de interrupção de energia,
existiam disponíveis dois geradores, que atuavam como unidade
de emergência.
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Área
conhecida como "Rampa alemã" |
As instalações para combustíveis compreendiam
dois tanques subterrâneos, de aço, com 6.000 galões
de capacidade cada um; outros dois tanques de 4.800 galões
e ainda dez tanque de 5.000. O combustível que ficava estocado
no Campo de Tanques das Dunas era transferido para a Base de Hidroaviões
por meio de uma linha especial de transferência.
A construção dessa Base tornou-se imperiosa com intuito
de assegurar as operações dos aviões de patrulha
da Marinha dos Estados Unidos, empenhados na guerra anti-submarina
e nas operações de salvamento mo mar, ao longo da
costa do nordeste do Brasil. A autorização para construção
e ocupação da Base de Hidroaviões de Natal,
constou do Decreto-Lei Nº 3.462 promulgado pelo Governo Brasileiro.
Para o esforço de guerra, a Rampa foi uma base de quase nenhuma
importância com alguns esquadrões operando por tempo
limitado. No período imediato ao fim da guerra, devido à
construção de aeroportos em quase todos os lugares
do mundo, o hidroavião comercial de transporte de passageiros
foi extinto, portanto, o local perdeu a função pela
qual foi construído.
Após a guerra, a Marinha a entregou ao Exército Americano
que não tendo uso para tal entregou aos brasileiros em 1946.
A parte da base naval americana ficou para o Exército Brasileiro
e as instalações específicas para aviões
ficaram para a FAB. Como a FAB também não tinha serventia
para tal, foi instalado lá o Cassino dos Oficiais. Sem serventia
a partir de meados dos anos 90, o local ficou fechado sob a responsabilidade
da União, até o dia 13 de julho de 2009, quando o
estado do Rio Grande do Norte tomou posse do espaço, que
aguarda recuperação para abrigar o futuro memorial
do aviador.
A Fundação Rampa (FRAMPA) apoia a iniciativa e defende
a preservação do espaço que dá nome
a entidade.
*Algumas
informações deste texto foram obtidas no livro "A
história da aviação no Rio Grande do Norte",
do escritor Paulo Pinheiro Viveiros. |