Um
dos maiores mistérios da aviação
norte-riograndense é a localização do primeiro
aeródromo
da zona Norte de Natal, esquecido desde a década de 40. A
Fundação
Rampa (FRAMPA) se empenha há um ano em identificar a localização
exata ou vestígios da antiga pista de pouso.
Uma das hipóteses é que a pista do aeroclube, localizada
onde ainda hoje funciona a sede social do Aeroclube do Rio Grande do Norte,
fundado em 1928, por Juvenal Lamartine, era curta e sem condições
de ampliação, por isso Lamartine como governador do estado,
na época teria mandado construir um aeródromo na zona Norte
de Natal, na margem oposta do rio Potengi, no acesso de um braço
de rio ou “Camboa”, para uso dos aviadores que chegavam e partiam
de Natal, uma vez que o “campo dos franceses” em Parnamirim
era praticamente inacessível para a maior parte da população.
|
Foto
tirada pelo piloto Augusto Severo Neto, em 1949, mostrando o
piloto Pery Lamartine nos comandos da aeronave
PT-19 sobrevoando o aeródromo perdido. Tal aeronave era
fabricada no Rio de Janeiro pela fábrica do Galeão sob
licença da Fairchild
dos EUA
Foto:
Arquivo Pery
|
Contudo,
sabe-se que os pilotos italianos Carlo Del Prete e Arturo Ferrarin,
na ocasião de sua viagem histórica sobre o oceano Atlântico,
já em 1928, utilizaram essa pista na tentativa frustrada de decolar
com a aeronave Savoia Marchetti “S-64”. Durante pesquisa e
elaboração do livro “Os Cavaleiros dos Céus:
A Saga do Vôo de Ferrarin e Del Prete” surgiram dúvidas
quanto à localização exata. Meses antes do lançamento,
através de livros que contam a história da aviação,
um possível local foi identificado, onde hoje existem viveiros de
camarão na margem oposta à Base Naval de Natal. Em fevereiro
de 2009, a Fundação realiza sua primeira expedição
em busca do aeródromo perdido e depois de encontrar restos de construções,
acreditou-se tê-lo encontrado e assim constou no livro.
|
Foto
da chegada de Pery quando foi ao RJ buscar a nova aeronave
do aeroclube, em 1949
Foto:
Arquivo Pery
|
|
Restos
de edificações encontrados na expedição "Potengi I", em fevereiro
de 2009
Foto:
Leonardo Dantas
|
Após o lançamento do livro, em Natal no dia 14 de julho de
2009, o escritor e aviador Pery Lamartine, neto do ex-governador Juvenal
Lamartine, levantou a dúvida com relação ao local
descrito no livro como sendo o aeródromo perdido. De acordo com
o relato de Pery, que chegou a utilizar a pista durante o pós-guerra,
o aeródromo se localizava mais ao norte em direção
a foz do rio Potengi, nas proximidades da Base Naval Norte-Americana, popularmente
conhecida como Rampa. Além disso, o aviador detalhou que na verdade
se tratava de duas pistas e não apenas uma mais um hangar com capacidade
para abrigar quatro aviões, dando a entender que não era
um abrigo pequeno. O acesso, segundo Pery, ocorria através de embarcações
que atravessavam o rio Potengi, partindo do píer da avenida Tavares
de Lira, seguindo ao norte até um braço de rio, o qual
eles adentravam cerca de 400 metros, onde desembarcavam.
Numa foto aérea tirada pelo diretor de comunicação
da Frampa, Leonardo Dantas, em abril de 2009, e mostrada a Pery, de imediato
foi apontada como a localização exata do aeródromo
perdido, sendo importante citar que na memória do piloto veterano
estava guardada a vista aérea do local, a qual era equivalente
a foto atual.
|
Traçado
em amarelo do percurso descrito por Pery e refeito pela Frampa
na expedição "Potengi II".
Foto: Leonardo Dantas
|
Diante dos novos fatos, a Frampa organizou uma nova expedição,
no dia 9 de agosto de 2009, composta pelos membros; Augusto Maranhão,
Pedro Tavares, Leonardo Dantas, Frederico Nicolau e Marinho Neto. A expedição
partiu do Iate Clube de Natal com destino ao local indicado por Pery Lamartine,
entretanto, após atracarmos e realizar um levantamento, infelizmente,
nenhum vestígio da pista ou hangar pôde ser identificado,
porque nas décadas de 70 e 80, a área passou por profundas
alterações devido a exploração salineira
e carcinicultura.
|
Foto
oficial da expedição "Potengi II". Da esquerda para direita,
Frederico Nicolau, Augusto Maranhão, Pedro Tavares e Marinho
Neto
Foto:
Leonardo Dantas
|
|