A
presença norte-americana na Base Aérea de Natal
(BANT) foi um dos principais fatos históricos do Rio Grande
do Norte, porém, ao contrário do que muitas pessoas
imaginam não foram os americanos que criaram a instalação
militar. A Fundação Rampa deu início a uma
pesquisa e catalogação dos primeiros prédios
que deram início da BANT. Hoje,
a base área fica bem mais próxima da cidade de Parnamirim,
contudo, na época esta cidade ainda não existia,
por isso, Natal deu nome a unidade militar brasileira.
Contudo, o nome Parnamirim sempre foi utilizado. O “campo
de Parnamirim” ou Parnamirim Field, como seria chamado pelos
americanos, remonta à década de 20, quando os franceses
escolheram Natal como rota do correio aéreo em passagem
para Buenos Aires.
Em julho de 1927, chega a Natal o francês Paul Vachet para
implantar um aeródromo com intuito de atender as aeronaves
da empresa aeropostal Latécoére, encontrando tal
espaço a 17 quilômetros ao sul da capital. Em meados
de outubro de 1927, chega ao campo de Parnamirim o primeiro vôo
registrado, trazendo os pilotos Costes e Lê Brix, franceses
que participavam de um raid internacional (quebra de recorde).
Não eram da Latécoére, porém, seria
a primeira vez que uma aeronave faria a rota África-Natal,
sem escalas. O tão sonhado plano francês de unir
Paris a Buenos Aires, por uma rota totalmente aérea, só
ocorreria em 1930, quando Jean Mermoz partiu do Senegal, pousando
em Natal com mala postal parisiense destinada a todos os locais
da América do Sul. A linha opera até 1940, já
denominada Air France, quando a França de rende aos alemães
no período da Segunda Guerra Mundial.
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Alicerce
do hangar francês e vista da primeira do local onde
seria a primeira pista do Campo de Parnamirim.
Detalhe:
parafusos que fixavam a armação de metal
de sustentação do hangar
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Acesso
da vila dos franceses, criada em 1927 e depois aproveitada
como "Vila Jean Mermoz" pela FAB
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Antiga
residência de funcionários da Air France,
também utilizada como estação de
rádio PUY-9 da FAB
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Vila
dos franceses. Teto com estrutura de metal com vigas "I",
tipicamente dos franceses
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Entre março e abril de 1940, a empresa de correio aéreo
italiana, Linee Aeree Transcontinentali Italiane (LATI) se estabelece
vizinho aos franceses em Parnamirim, utilizando a mesma pista.
Curiosamente, em maio daquele ano a Itália declara guerra
aos franceses, e mesmo assim por cerca de uma mês os dois
utilizaram o mesmo aeródromo. Em 1941, os italianos deixaram
o Brasil sabotados pelo bloqueio de combustível coordenado
pelos americanos, que sem estar em guerra, apoiavam os ingleses,
inclusive utilizando a base de Parnamirim através de uma
acordo com o governo brasileiro denominado Airport Development
Program (ADP). Tal acordo previa o desenvolvimento de aeroportos
no país, iniciando Parnamirim Field em julho de 1941, com
o verdadeiro interesse de exportar equipamentos de guerra aos
aliados ingleses que lutavam no norte da África. Porém,
esta situação de clandestinidade continuaria até
dezembro de 41, quando os Estados Unidos entram na Segunda Guerra.
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Hangar
da LATI ainda de pé nas instalações
da Base Oeste
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O lado brasileiro
No
cenário de guerra, a presença dos americanos em
Parnamirim Field teve que ser aceita pelo Brasil devido ao tratado
de Havana, assinado em julho de 1940. Contudo, quando os estrangeiros
militares chegaram, em janeiro de 1942, passaram a ocupar o lado
francês do “campo de Parnamirim”, enquanto que
o hangar da LATI foi ocupado por homens do Exército Brasileiro
com a missão de espionar a movimentação americana.
Em março deste ano os americanos deixam essas instalações
e ocupam a base de Parnamirim, com os primeiros prédios
concluídos e no dia 2 de março de 1942, o governo
brasileiro cria a Base Aérea de Natal (BANT), através
do decreto de Lei nº 4.142, assinado pelo então ministro
da Aeronáutica do governo do presidente Getúlio
Vargas, Salgado Filho. Contudo, a ativação ocorreria
apenas em 5 de novembro do mesmo ano. Desta forma, as duas bases
aérea, a BANT e Parnamirim Field, passam a operar no mesmo
espaço, a brasileiro no que ficaria conhecido como “Base
Oeste” e a americana como “Trampolim da Vitória”.
Inicialmente, a BANT abriga diversas unidades de caça,
bombardeio e patrulha, dentre elas, o 2º Grupo de Caça,
com os Curtiss P-40. Em outubro de 1944, o 2º Grupo de Caça
foi transferido de Natal para a Santa Cruz no Rio de Janeiro.
Algum tempo depois, este esquadrão foi transformado no
Estágio de Seleção de Pilotos de Combate
e, depois, no 3º/1º GAvC (Grupo de Aviação
de Caça). Enquanto isso, em Natal, era criado o 1º
Grupo Misto, equipado com um esquadrão de caça e
outro de bombardeio. Tal grupo foi extinto em 28 de agosto de
1945 e criado em seu lugar o 5º GBM Grupo de Bombardeio Médio,
equipado com os NA B-25J Mitchell.
Com o fim da guerra, os norte-americanos desocupam Parnamirim
Field que passa a ser propriedade da Força Aérea
Brasileira. A base oeste continuou sendo instalação
militar, no entanto, abrigou também o Aeroclube do Rio
Grande do Norte e o hangar oficial do Governo do Estado.
Atualmente, no terreno a FAB ergueu a sede da I Força Aérea
(I FAE) e instalações do Departamento de Controle
do Espaço Aéreo (DTCEA). Nos prédios remanescentes
da década de 40 funcionam ainda a Escola Estadual Santos
Dumont, a Brigada de Incêndio e almoxarifado.
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Hangar
da LATI em 1947 sob ocupação da FAB.
Atualmente
o espaço está desativado
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Hospital
da Base Aére de Natal, meados de 40
Atualmente
o prédio está desativado. No passado abrigou
também a Escola Trampolim da Vitória
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Cine
Catre, meados de 40
Apesar
de ainda contar com o nome na fachada o edífico
está desocupado
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Almoxarifado
Hoje
ainda em uso pela FAB
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Na
década de 30 tal prédio abrigou o hotel
da LATI
Atualmente
é o Clube de Cabos e Taifeiros da BANT
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Almoxarifado
Central / Desocupado
Caixa
d´Água
Base Oeste, 1972
Histórico da Base Oeste
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